Número de vítimas em ataque a festa judaica na Austrália chega a 15 mortos

A polícia aumentou para 15 o total de vítimas fatais em um tiroteio ocorrido no domingo na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, durante uma festividade judaica, conforme um balanço atualizado no início da manhã desta segunda-feira (15, horário local).

“A polícia pode confirmar que 16 pessoas morreram [incluindo um dos atiradores] e 40 estão hospitalizadas após o ataque a tiros de ontem em Bondi”, informaram as autoridades de Nova Gales do Sul na rede X na manhã desta segunda-feira (15, horário local).

Em uma coletiva de imprensa posterior, a polícia detalhou que os atiradores eram pai e filho, de 50 e 24 anos, respectivamente, e que um deles faleceu durante o ataque.

“O [suspeito] de 50 anos faleceu. O de 24 está atualmente internado”, declarou o comissário de polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, que acrescentou que as autoridades não estão em busca de outros suspeitos.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou em um discurso televisionado no domingo que se tratou de um “ataque direcionado contra judeus australianos” no primeiro dia do Hanukkah, uma festividade conhecida como a Festa das Luzes, que deveria ser “um dia de celebração, uma manifestação de fé”.

“Um ato de maldade, antissemitismo e terrorismo que feriu o coração da nossa nação”, acrescentou, elogiando os cidadãos que enfrentaram um dos atiradores e o desarmaram como “heróis”.

Nesta segunda-feira, o premiê confirmou que as bandeiras serão hasteadas a meio mastro como um gesto nacional de luto pelas vítimas.

A polícia caracterizou o ato como um “incidente terrorista” e informou ter encontrado “artefatos explosivos improvisados” em um veículo próximo à praia, relacionado ao “criminoso falecido”.

O ataque ocorreu durante um evento denominado “Chanukah by the Sea”, que celebra o feriado judaico do Hanukkah, com a participação de cerca de mil pessoas, segundo as autoridades.

“Ouvimos os tiros. Foi chocante. Parecia que durou dez minutos de ‘bang, bang, bang’. Era como se fosse uma arma potente”, relatou à AFP Camilo Díaz, um estudante chileno de 25 anos que estava presente no local.

Os australianos consideram um homem que lutou contra um dos atiradores até conseguir desarmá-lo como um “herói”, responsável por salvar muitas vidas no pior ataque a tiros do país em anos.

O veículo local 7News identificou o “herói” como Ahmed al Ahmed, de 43 anos, um vendedor de frutas, que teria sido ferido com dois tiros e levado ao hospital.

‘Sangue por todo o lado’

Entre as vítimas está o rabino Eli Schlanger, de 41 anos, nascido em Londres e pai de cinco filhos, que atuava como rabino assistente no centro cultural judaico Chabad de Bondi, conforme contou seu primo-irmão ao meio britânico Jewish News.

“Como é possível que um rabino alegre, que foi a uma praia para espalhar luz e felicidade, buscando tornar o mundo um lugar melhor, perca a vida dessa forma?”, questionou o rabino Zalman Lewis, radicado em Brighton, na Inglaterra.

O Ministério das Relações Exteriores da França informou que um cidadão francês foi uma das vítimas do ataque.

Dirigentes de várias partes do mundo condenaram o incidente, da Europa aos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump declarou que se tratou de um ato “puramente antissemita”.

Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou o governo australiano por ter reconhecido o Estado palestino.

O Ministério das Relações Exteriores palestino, em um comunicado, repudiou “todas as formas de violência, terrorismo e extremismo” e expressou sua solidariedade à Austrália, que reconheceu o Estado palestino em setembro, junto com o Reino Unido e o Canadá.

Na Espanha, o chefe de governo Pedro Sánchez fez um apelo por “esforços incessantes para erradicar o antissemitismo e o terrorismo” em uma mensagem no X.

O presidente da Argentina, Javier Milei, classificou o ataque no Hanukkah como um “horror”, referindo-se à festividade como “a celebração em que poucos vencem muitos, a festa que nos lembra que a luz triunfa sobre a escuridão”, em uma publicação nas redes sociais.

A praia de Bondi, localizada no leste de Sydney, é uma das mais procuradas do país. Os serviços de emergência receberam as primeiras chamadas por volta das 18h47 (4h47 no horário de Brasília), conforme informou a polícia.

O acesso à praia estava repleto de pertences deixados para trás por pessoas que fugiram do local, observou um jornalista da AFP presente na cena.

Harry Wilson, um morador de 30 anos, contou ao Sydney Morning Herald que viu “pelo menos dez pessoas no chão e sangue por toda parte”.

Irã condena o ataque

O presidente da Associação Judaica da Austrália, Robert Gregory, declarou que o ataque foi “uma tragédia, mas absolutamente previsível” e criticou o governo por “não adotar medidas adequadas para proteger a comunidade judaica”.

Após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza, a Austrália enfrentou diversos incidentes antissemitas. O governo australiano acusou o Irã de estar por trás desses ataques e expulsou seu embaixador.

Neste domingo, o Irã condenou “o ataque violento” e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores afirmou que seu país repudia “o terrorismo”.

Em outubro de 2024, um incêndio destruiu um café kosher no bairro de Bondi e, em dezembro do mesmo ano, outro incêndio atingiu a sinagoga Adass Israel, em Melbourne.

Após o ataque, a praia estava deserta. Perto dali, uma mulher segurava seu bebê, envolto em uma manta térmica de emergência, enquanto algumas testemunhas, ainda em choque, tentavam compreender o horror.

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