A França solicitou neste domingo, dia 14, à União Europeia que postergue os “prazos” estabelecidos para a assinatura do acordo comercial com o Mercosul, argumentando que “as condições não estão adequadas” para uma votação pelos Estados-membros, conforme comunicado do gabinete do primeiro-ministro.
“A França pede que os prazos de dezembro sejam adiados para que possamos continuar o trabalho e garantir as medidas de proteção necessárias para a nossa agricultura europeia”, detalhou o gabinete do primeiro-ministro Sebastien Lecornu.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pretende firmar este tratado de livre comércio com Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai no próximo sábado durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu. Ela acredita que o bloco europeu deve receber a aprovação dos Estados-membros entre terça e sexta-feira desta semana.
A França está à frente do grupo de países europeus que têm reservas quanto à assinatura do acordo que vem sendo negociado por ambas as partes há duas décadas.
A Comissão Europeia anunciou em setembro a implementação de um mecanismo de “monitoramento reforçado” para os produtos agrícolas que farão parte deste acordo comercial, como carne bovina, carne de aves, arroz e etanol, além da possibilidade de intervenções no mercado em caso de instabilidade.
Antes de se manifestarem, os países da União Europeia aguardam a decisão do Parlamento Europeu na terça-feira sobre as medidas de salvaguarda que visam tranquilizar os agricultores, especialmente os franceses, que se opõem ao tratado.
Antes do comunicado do governo francês, o ministro de Economia e Finanças, Roland Lescure, declarou em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt que, “na sua forma atual, o tratado não é aceitável”.
De acordo com Lescure, a exigência de uma “cláusula de proteção robusta e eficaz” é uma das “três condições” que a França impõe para dar seu apoio.
A segunda condição é que as normas aplicadas na União Europeia “também sejam aplicáveis à produção dos países parceiros”, afirmou o ministro, e a terceira diz respeito a “controles nas importações”.
O tratado de livre comércio visa favorecer as exportações de automóveis, máquinas e vinhos europeus para os países do Mercosul, em troca de facilitar a entrada de carne, açúcar, soja e arroz da América do Sul.
Os agricultores franceses receiam que seus mercados sejam saturados com produtos agrícolas do Mercosul, que são vistos como mais competitivos.
Se for aprovado, o acordo UE-Mercosul criará um mercado comum com 722 milhões de habitantes.
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