Mobilizações organizam protestos em todo o país contra a anistia a golpistas neste domingo (14)

Movimentos sociais voltam a se mobilizar nas ruas neste domingo (14) para pressionar o Senado a rejeitar o projeto de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, que foi aprovado pela Câmara na semana passada, e para criticar o que consideram uma tentativa do Congresso Nacional de evitar a responsabilização pela tentativa de golpe.

Os representantes das organizações que convocam os protestos afirmam que a manifestação deste domingo visa oferecer uma resposta política imediata ao avanço do projeto legislativo.

Camila Moraes, integrante da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude e secretária-geral da UNE, destaca que essa convocação representa o fechamento de um ciclo recente de reocupação das ruas.

“É fundamental que respondamos nas ruas, assim como fizemos nos atos do dia 21 de setembro. Conseguimos derrubar a PEC da bandidagem porque fomos a público. Para impedir o PL da Dosimetria, é necessário mobilizarmo-nos novamente”, afirmou.

Os organizadores enfatizam que, além da defesa da democracia e da responsabilização pelos atos de 8 de janeiro, os protestos também abordam questões sociais que têm ganhado relevância nas mobilizações recentes.

Segundo Ana Carolina Vasconcelos, da coordenação nacional do Movimento Brasil Popular, a convocação das ruas reflete a insatisfação da população com a agenda vigente no Legislativo.

“Os brasileiros estão atentos à dinâmica política e não aceitam a maneira autoritária com que a extrema direita e o Centrão têm tentado impor sua agenda no Congresso”, disse, ressaltando reivindicações como a revogação da escala de trabalho 6×1 e a implementação de políticas mais eficazes no combate ao feminicídio.

Essa percepção é compartilhada pelo movimento sindical. Milton Rezende, o Miltinho, da CUT, argumenta que o projeto está inserido em uma ofensiva maior. “Mais uma vez, trata-se de uma tentativa de continuidade do golpe.

Estão se esforçando para anistiar Bolsonaro e os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro”, declarou. Ele ainda mencionou que o Congresso deveria se concentrar em “pautas de interesse popular”, como a redução da jornada de trabalho, ao invés de avançar com propostas que favorecem a diminuição de penas para aqueles condenados por atentados à democracia.

A mobilização deste domingo tem como principal objetivo pressionar o Senado a impedir o avanço da proposta.

Há uma expectativa de que a matéria seja discutida ainda nesta semana, o que levou as organizações a anteciparem a convocação nacional.

A convocação acontece poucos meses após os protestos contra a chamada PEC da Blindagem, que resultaram no arquivamento da proposta pelo Senado.

Os organizadores acreditam que a repetição da mobilização é uma forma de demonstrar que a reação da sociedade não se restringe ao plenário da Câmara, e que decisões consideradas impopulares encontrarão resistência fora do Congresso.

As frentes organizadoras afirmam que a presença nas ruas é vista como um meio de disputa política real, e não apenas um gesto simbólico.

A proposta que motiva as manifestações foi aprovada pela Câmara dos Deputados na madrugada da última quarta-feira (10), em uma sessão marcada por uma votação acelerada.

O Projeto de Lei da Dosimetria altera os critérios de cálculo e progressão de penas em crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado e à violação do Estado Democrático de Direito.

Entre as principais modificações, o texto permite que réus avancem do regime fechado para o semiaberto ou aberto após cumprir um sexto da pena, ao invés de um quarto, como estipulado pela legislação atual.

Além disso, a proposta impede o acúmulo de penas para crimes correlatos e amplia as possibilidades de remição, incluindo a contagem de tempo cumprido sob medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.

De acordo com movimentos sociais e parlamentares contrários à proposta, essas mudanças podem beneficiar diretamente os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Com uma pena de 27 anos e três meses, Bolsonaro poderia ver sua condenação significativamente reduzida com a aplicação das novas regras, o que explica a reação imediata das organizações que estão convocando os protestos deste domingo.

A aprovação do projeto ocorreu em uma sessão marcada por tensões e repressão no plenário da Câmara. Durante a votação, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força do local após criticar a condução da pauta, e a transmissão da TV Câmara foi interrompida, em um episódio considerado inédito desde a redemocratização.

Com a aprovação na Câmara, o texto agora segue para o Senado Federal. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), indicou a possibilidade de levar a proposta diretamente ao plenário, o que intensificou a mobilização das frentes populares à beira da análise pelos senadores.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou que se manifestará sobre um eventual veto apenas após a proposta ser aprovada pelo Congresso e enviada ao Palácio do Planalto.

O presidente reiterou, entretanto, que os condenados pelos atos de 8 de janeiro enfrentam sérias acusações contra a democracia, ao se referir à tentativa de golpe de Estado e ao planejamento de atentados contra autoridades.

Confira os locais dos atos neste domingo (14)

Norte

  • Rio Branco (AC): 17h – Lago do Amor
  • Manaus (AM): 9h – Faixa liberada da avenida Getúlio Vargas
  • Macapá (AP): 16h – Praça Veiga Cabral (ao lado do Teatro das Bacabeiras)
  • Belém (PA): 9h – Escadinha das Docas
  • Porto Velho (RO): 15h – Praça da Estrada de Ferro
  • Boa Vista (RR): 17h – Praça das Águas

Nordeste

  • Maceió (AL): 9h – Praça 7 Coqueiros
  • Salvador (BA): 10h – Morro do Cristo
  • Fortaleza (CE): 15h – Praia de Iracema, 1750 (Espigão da Rui Barbosa)
  • Sobral (CE): 18h – Boulevard do Arco
  • São Luís (MA): 9h – Largo do Carmo
  • João Pessoa (PB): 9h – Busto de Tamandaré
  • Recife (PE): 14h – Rua da Aurora
  • Teresina (PI): 9h – Praça Pedro II
  • Mossoró (RN): 17h – Teatro Municipal
  • Natal (RN): 8h – Av. Roberto Freire (calçada do Ferreira Costa)
  • Aracaju (SE): 14h – Praia da Cinelândia

Centro-Oeste

  • Brasília (DF): 10h – SESI LAB (ao lado da Rodoviária), com marcha até o Congresso
  • Goiânia (GO): 15h – Praça Universitária
  • Campo Grande (MS): 8h – Av. Afonso Pena com 14 de Julho
  • Cuiabá (MT): 8h – Praça Ulysses Guimarães (Av. do CPA)

Sudeste

  • Vitória (ES): 16h – UFES
  • Belo Horizonte (MG): 9h – Praça Raul Soares
  • Divinópolis (MG): 8h30 – Feira do Niterói
  • Ipatinga (MG): 9h30 – Feira do Canaã
  • Juiz de Fora (MG): 10h – Praça da Estação
  • Montes Claros (MG): 8h – Praça da Matriz
  • Passos (MG): 9h – Feira Livre da JK
  • Poços de Caldas (MG): 10h – Praça Pedro Sanches
  • Serra do Cipó (MG): 10h – Praça Central
  • Teófilo Otoni (MG): 8h30 – Praça dos Imigrantes
  • Uberaba (MG): 10h30 – Feira da Abadia
  • Uberlândia (MG): 9h30 – Praça Clarimundo Carneiro
  • Araçatuba (SP): 9h – Câmara Municipal
  • Botucatu (SP): 10h – Em frente à EECA
  • Campinas (SP): 9h – Largo do Pará
  • Ribeirão Preto (SP): 15h30 – Esplanada Pedro II
  • Santos (SP): 14h – Estação da Cidadania
  • São Paulo (SP): 14h – Em frente ao MASP (avenida Paulista)
  • Sorocaba (SP): 10h – Praça da Bandeira (ao lado do Shopping Cianê)
  • Rio de Janeiro (RJ): 13h – Posto 5 de Copacabana

Sul

  • Curitiba (PR): 14h – Boca Maldita
  • Londrina (PR): 9h – Av. Saul Elkind, na Escola Circo
  • Porto Alegre (RS): 14h – Arcos da Redenção
  • Florianópolis (SC): 9h30 – Ponte Hercílio Luz (lado ilha)
  • Itajaí (SC): 9h – Praça Beira Rio (Fazenda)
  • Joinville (SC): 17h – Praça Nereu Ramos

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