O segundo álbum do cantor e compositor Vidal Assis é uma homenagem a um artista que ele admirava e se tornou amigo: Elton Medeiros (1930-2019), um dos mais importantes melodistas da música brasileira. O disco recebe o nome de Negro Samba Lírico – Vidal Assis canta Elton Medeiros (gravadora Kuarup).
“Ele sempre me chamou a atenção”, comentou a CartaCapital, Vidal, que se tornou amigo de Elton através do produtor e compositor Hermínio Bello de Carvalho. “Depois do nosso primeiro encontro, não nos separamos mais até o fim da vida dele.”
Para Vidal, a obra de Elton possui uma forte conexão com a afrobrasilidade. “Ela coloca a cultura negra em um espaço decolonial, com elegância e sensibilidade. Elton defendia a cultura afro-brasileira e promovia a humanização do negro.”
O álbum, que mistura clássicos e novas composições, foi idealizado com Elton durante sua vida, mas o tempo não foi suficiente. Entre os sambas famosos interpretados por Vidal estão Peito Vazio e O Sol Nascerá, ambos de Elton Medeiros e Cartola; Onde a Dor Não Tem Razão e Moema Morenou, com Paulinho da Viola; Mascarada, com Zé Keti; e Pressentimento, com Hermínio Bello de Carvalho.
Entre os sambas inéditos de Elton, destaca-se Colhendo Imagens. Elton perdeu a visão em 2013, e a canção aborda as memórias que restaram. “O samba tem essa capacidade: transformar atmosferas muitas vezes sutis em poesias.”
Vidal Assis também gravou Maioria Sem Nenhum (Elton Medeiros e Mauro Duarte), que fala sobre desigualdade social. Ele recita, em um estilo semelhante ao rap, um poema inédito intitulado Como Eu Quero Ser Lembrado.
O artista considera o samba como um gênero revolucionário por sua trajetória de luta e significado. “Uma parte dessa revolução se deve à habilidade do samba de se mesclar com o rock, a canção e o reggae. O samba não possui fronteiras definidas em relação à sua capacidade de conexão.”
Negro Samba Lírico – Vidal Assis canta Elton Medeiros é uma obra poderosa, digna do homenageado. Vidal gravou com emoção, dedicação e respeito à obra de um compositor extraordinário.
Assista à entrevista de Vidal Assis para CartaCapital:
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